Ontem, ao cair da tarde me deitei no chão até que a noite pousasse sobre mim e fiquei a olhar as estrelas. Comecei a contar, mas são muitas, tantas que não pude continuar, são tantas quanto as dúvidas. As dúvidas sobre o destino, sobre o tempo, sobre o futuro. Não sei se alguém pode aceitar alguém assim: que se deita ao relento e fica a tentar contar as estrelas sabendo o quão inútil está sendo seu ato.
No fim o que eu queria não era um número, mas uma resposta, queria saber se uma daquelas estrelas poderia me dar ao menos uma pista que me levasse ao fim da angústia de não saber nada. Mas nada me disseram. Não descobri nada mais do que já sabia, que tudo que tem início tem fim, que nada é eterno, apenas o céu e a terra, que somos todos poeira no vento que o tempo sopra. Não descobri se minha existência continuará um dia através de outra vida ou se tudo terá fim em meu próprio ser. Não descobri caminhos, nem destinos, nem rumos. Não descobri nada.
É certo que haverá sempre alguém me esperando, pronto para ficar ao meu lado durante minha dúvida. Sempre haverá alguém para me dar a mão quando eu tropeçar na escuridão e dizer "Está tudo bem. Eu te ajudo.", mas ainda não descobri quanto tempo dura o "sempre".