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sábado, 23 de julho de 2011

Lavando pensamentos



Andando calmo pela rua, um pensamento me deixa aflito, como um rato deixa aflito um gato, um grão de pensamento incomodando quando penso. O céu escurece e ainda estou preocupado, penso naquele pedaço de caos mal formado que me persegue e entra em minha mente quando estou distraído, penso no que devo fazer para afastá-lo de vez.

O raios de Sol já não são mais visíveis, o vento sopra um pouco mais forte e ainda não descobri uma forma de afastar esse cálice de incerteza de minha alma. As pessoas que andam pela rua começam a procurar abrigo, os pássaros ficam alvoroçados e voam em bandos, o ar fica mais frio.

A primeira gota cai do céu, cai perto de mim, me viro, vejo a marca úmida no chão, sinto o cheiro da chuva se aproximando... Ouço um trovão, olho para o horizonte, além da cidade e vejo as nuvens, ouço outro trovão e a segunda gota cai, essa acerta meu ombro, a terceira e a quarta caem quase que ao mesmo tempo, junto à quinta gota caem outras centenas e a chuva começa.

Molhado, sou o único a caminhar na rua agora, a cada passo mais uma poça, a cada metro mais água, a cada trovão que escuto ecoar ao longe um pensamento se concretiza em minha mente. Os passos agora são mais lentos, a caminhada é mais prazerosa, o dia mais feliz. Sinto como se um peso tivesse sido lavado de minhas costas. As árvores dançam desconformes e belas ao meu redor, a estrada me leva a aventuras, os estranhos pelo caminho podem ser meus melhores amigos após a jornada.

Sinto que preciso de mais, preciso de amigos, de glória, de um poeta e de amor. Sinto que posso mudar meu destino, que não nasci apenas para andar cansado, sinto que posso cavalgar um dia. Agora penso que devo relatar tudo, para contar esta história um dia...

E o pensamento que me atormentava? Incrível como a chuva lava a alma!

Sonho de uma tarde de verão



Certa vez, numa tarde chuvosa de vinte e quatro de dezembro, adormeci... Adormeci e sonhei, sonhei um dos sonhos mais valiosos de minha vida. Sonhei com um campo extenso com grama crescendo até o horizonte e desaparecendo no topo de morros a oeste, de onde estava eu via os morros verdes e o céu acinzentado de uma tarde fresca e calma. À esquerda dos morros surgia junto a algumas árvores uma estrada de terra, estrada essa que se estendia até o lugar onde eu aparentemente me encontrava, passava por mim e seguia.

Havia chovido, as gotas caíam das folhas das árvores em volta da casa conforme o vento batia nos galhos, o vento fresco na tarde quente fazia o corpo se sentir tão leve e limpo que eu sentia que podia voar, a grama e a terra molhadas exalavam um cheiro suave e refrescante, que a sensação de bem-estar era cada vez maior.

À minha direita havia uma casa, feita de madeira, muito bem acabada. A casa possuía uma varanda, que dava para a tal estrada e era cercada por árvores, o cheiro de chuva pairava no ar, o céu acinzentado e o vento fresco me davam uma ótima sensação, sentia o cheiro da chuva, da terra molhada, da madeira, das árvores, sentia-me vivo em outro nível, me sentia realmente vivo.

Mas o que mais me chamou a atenção foi ela, uma bela jovem debruçada na varanda da casa, com um vestido leve com cores que alternavam entre branco, preto e vermelho, igualmente distribuídas pelo vestido as cores dançavam na brisa enquanto aqueles olhos castanhos me olhavam. Os cabelos, também castanhos, eram brilhantes e muito bonitos. A jovem tinha um sorriso no rosto, um sorriso terno, encantador, parecia me conhecer muito bem, aquele sorriso me acolhia, me fazia sentir quente, feliz, aquele sorriso fazia eu me sentir... apaixonado.

Havia pendurado na varanda um enfeite daqueles feitos com pedras penduradas por fios finos e quando o vento soprava as pedras batiam umas contra as outras e faziam o som de pequenos sinos batendo... e foi numa dessas batidas, quando o vento soprou mais forte e a bela jovem me olhou nos olhos, que eu acordei.

Acordei sentindo muita coisa, difícil de explicar, acordei sentindo tranquilidade, paixão, saudade, alegria, leveza, amor... Acordei como quem estava num lugar muito bom e volta, eu realmente senti que estava lá, não só em pensamento, mas de corpo e alma.

Depois que acordei olhei para o relógio, ainda não eram nem cinco da tarde, me dirigi até a janela, o céu estava nublado, respirei fundo, cheiro de chão molhado... Quando olhei para fora vi poças d'água, vi o chão úmido, vi as árvores balançando e folhas voando conforme o vento soprava. Senti que de certa forma, por mais que eu não sabia onde estava havia trazido comigo uma parte daquele sonho.

Sei que um dia voltarei àquele bosque e encontrarei novamente aquela jovem, então poderei saber quem é ela e de onde ela me conhece...

Enquanto isso continuo sonhando e escrevendo...

Ainda escrevendo...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A incurável doença da escrita



Já dizia Juvenal, o romano, pelo menos vinte séculos atrás, da incurável doença, que nos obriga a escrever, sem rumo, sem motivo, sem destino, apenas palavras nos guiam. Somos nós escravos do impulso, determinados a escrever o que vier à mente, no que estiver por perto e se isso não for o bastante escrevemos até alguém ousar ler, pois sentimos sede de nos expressarmos.

Seria vontade dos outros saberem o que pensamos? Seria uma vontade de falar o que não temos coragem? Seria vontade de fugir desse palco de loucos e viajar por outros palcos? Sinceramente, não sei. Sei apenas que quanto mais escrevemos mais queremos escrever, alguns chamam de dádiva e outros de maldição, mas não importa. Enquanto houver quem leia não escrevemos em vão! Notívagos? Talvez, às vezes só a madrugada nos faz sentir bem para escrever, mas ainda que o dia nos afaste essa vontade louca basta que caia uma gota de chuva para que o petrichor invada nossas mentes e novamente nos faça mensageiros da alma.

Mas também existem os outros, os outros que não conseguem parar de ler e que não param enquanto não chega ao fim o romance, a história, a loucura... E esses são parte de nossos leitores. E esses respeitamos assim como respeitamos nós mesmos, pois entendemos o que os fazem querer ler.

Hipergrafia, é assim que chamam o que temos... Não sabem de nada...

Apenas peço que leia o que escrevo e se quiser que eu também leia o que escreve também o farei com prazer, basta que me peça e me diga o que ler e por onde eu passar direi o que senti e sempre que puder retornarei e lerei novamente. Mas só peço que leia e diga o que sentiu.