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domingo, 28 de agosto de 2011

De onde vem a Paixão?



Paixão é um sentimento complicado, nos faz de idiotas, coloca coisas em nossas cabeças e não conseguimos tirá-las até que a Paixão decida que é hora de fazê-lo. Inconveniente, a Paixão jamais deixará de pregar peças, jamais deixará de nos atordoar com seus truques, jamais nos deixará viver sem que haja algo em nossas mentes, nos atordoando, nos fazendo perder sono, perder quilos...

Teria sido criada a Paixão junto com o mundo? Ou foi Deus que após chorar os Poetas queria algo e chorou de vontade fazendo nascer a Paixão? Ou foram os Poetas que a criaram ao ver as Musas flutuando na Terra e brilhando de beleza e pureza nos corredores de suas escolas superiores? Ou foram as Musas que as criaram para fazer com que os Poetas tivessem inspiração? Quem criou a Paixão? Talvez alguém que gostasse e não tinha esse sentimento correspondido, talvez alguém que quisesse e não tinha coragem de pedir, talvez alguém amasse e não tinha coragem de falar...

O que sei sobre a Paixão é que é persistente, às vezes crônica, às vezes depressiva, às vezes alegre. Sei que pode adormecer por um longo tempo e acordar novamente apenas com uma música, um olhar, um gesto... Sei que às vezes é confundida com o Amor, sei que às vezes ela vem porque amamos alguém, sei que quase sempre ela vem sem que a queiramos.

Mas mesmo sem saber de onde ela vem, mesmo sem saber como surgiu, sei que não podemos viver sem ela, pois a Paixão nos faz querer alcançar, nos faz querer ter e ela não faz isso por fazer, a Paixão não escolhe o que por em nossas cabeças, ela coloca em nossas cabeças o que o coração quer e às vezes o que a Paixão coloca em nossas cabeças pode não ser aquilo que queremos, mas aquilo que o coração necessita.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Arqueira...



Há um nó em minha garganta e um aperto em meu peito, cada vez que penso nela o nó aperta, cada vez que olho para ela o aperto aumenta. Sinto que meu ar está acabando, sinto que meu coração está parando, mas quando ela chega perto meu coração volta a bater, dispara.

Sou um covarde, não tenho coragem de dizer o que meu coração sente, ensaiei dezenas de formas, escrevi dezenas de poemas, mas me falta a coragem para mostrar-lhe. Sou um artista, um sonhador, um poeta, mas do que ela gosta? Apesar de saber o que falar não sei como falar, não sei como falar sem magoá-la caso ela não sinta o mesmo, não sei como falar sem parecer apenas mais um, não sei como falar com um Anjo sem parecer um mero mortal.

Se o amor é uma flecha ela é arqueira das melhores, pois com um só disparo acertou minha cabeça e meu coração. Sinto que devo me declarar ou esse nó não sairá da minha garganta, esse aperto não desatará meu coração e esse desespero não deixará minha alma.

Não temo a morte, temo apenas morrer arrependido, e não quero morrer arrependido de não ter dito a ela, olhando no fundo de seus olhos de mel, que a amo, que daria minha vida por ela sem pensar uma única vez, que escrevi um livro de poesias inspiradas nela, que por ela chorei, que por ela cantei, que com ela sonhei...

Arqueira insensata, anjo de cabelos dourados, sinto que esse desespero deixará de me atordoar assim que declarar tudo o que sinto, sem esperar em troca nada, além da promessa de que ela será feliz, pois vê-la feliz é o que basta para meu coração sorrir, e me guio por ele, pois o coração, "apesar de ser bandido, nunca foi nem nunca será um mentiroso..."

domingo, 14 de agosto de 2011

Pra não dizer que não falei de flores



Brotou então num mês de maio uma muda pequena e frágil, que balançava quando o vento soprava. Pensavam as pessoas que era apenas mais uma, que nada tinha de especial, que jamais seria nada além de uma simples flor, pequena e frágil.

Então alguém a cultivou, alguém que a amava, alguém a regou e protegeu, pois sabia que aquela seria uma flor especial. E esse alguém cuidava da muda e abençoava, abençoava cada momento e cada coisa que fazia aquela muda crescer:

"Abençoado seja o Sol, que ilumina nossos passos
Abençoadas sejam as sombras após um dia imenso de Sol
Abençoadas as mãos do homem que abre o ventre da terra, semeia e espera...
E quando chega o fruto, divide com aquele que nada tem.
Abençoado seja o amor
O amor pelos pássaros, por uma gota de água
O amor pelos amigos
O amor pelos soldados
O amor pelos poetas presos
O amor pela vida
O amor por Deus" *

O tempo passou e outras pessoas começaram a cuidar da muda vendo como ela era especial, a cada dia que passava ela ficava maior, tornou-se um botão e um dia, um dia especial, o botão abriu e se tornou uma linda rosa, que só depois, depois de suas pétalas serem tocadas pelo Sol da manhã, depois de ser tocada pelas gotas de chuva, depois de ver as abelhas dividindo o pólen entre as flores, depois de ser amada, passou a entender o significado daquelas bênçãos.

Aquela rosa, que um dia foi uma muda confusa hoje fala e escreve o que seu coração sente, essa rosa escreve sobre seus sentimentos inquietos e cada um de seus textos brilham como estrelas, pois ela escreve do fundo da alma, guiada por seu coração e o coração, apesar de ser bandido, nunca foi nem nunca será um mentiroso...


*Palavras de Dante Ramon Ledesma

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Rock and Roll de Ninar

Este conto é inspirado na música Rock and Roll Lullaby.

Ela era uma menina de dezesseis anos quando eu nasci, ela estava assustada, tinha medo, o mundo era grande e cruel, mas ela sabia que tinha que ser forte, pois tinha que cuidar de mim. Os tempos eram difíceis, as coisas estavam ruins e as dúvidas da gente cresciam, mas sempre que eu tinha medo e chorava minha mãezinha me abraçava, enxugava minhas lágrimas e cantava uma música, um rock and roll de ninar.

Eu passava os dias sozinho em casa, com medo, queria chorar, mas sabia que mamãe também estava pensando em mim e ela não podia chorar. Então eu tentava ser forte e pensar no sacrifício que ela fazia para cuidar de mim enquanto estava lá fora, naquele mundo grande e cruel. Quando ela chegava e via que eu havia chorado ela também caía em prantos, me abraçava, enxugava minhas lágrimas e cantava nosso rock and roll, ela cantava:

Sha na na na na na na na...
Tudo vai ficar bem...
Sha na na na na na na na...
Tudo vai melhorar...

Ela olhava pra mim e eu dizia: "mamãe, cante nosso rock and roll de ninar."

Nós fazíamos isso durante os dias solitários, mas, meu Deus, as noites eram tão longas e frias, pareciam não ter fim. Mamãe me embalava em seus braços e nós sonhávamos com manhãs melhores, mas enquanto elas não chegavam só tínhamos um ao outro, então ela dormia e eu continuava acordado em seus braços, sonhando com o dia em que pudesse devolver a ela tudo o que ela fez por mim.

Hoje lembro daqueles dias e lembro de quanto minha mãezinha se sacrificou por mim, lembro que podia ver a tristeza em seus olhos, mas que ela seguia forte por mim. Hoje quando meus filhos estão tristes e minha esposa não consegue fazê-los pararem de chorar, eu não lembro exatamente como eram as palavras, mas canto o rock and roll de ninar:

Sha na na na na na na na...
Tudo vai ficar bem...
Sha na na na na na na na...
Tudo vai melhorar...

domingo, 7 de agosto de 2011

Diálogo sobre o Amor



Coração, maldito e ingrato
Do amor é cúmplice ou vítima?
Vítima
É ele que padece todas as dores
Embora também desfrute de todos os prazeres...
Então seria os dois?
Seria a forma e a potência?

O Amor...
Um amor é um algoz cego...
Um ceifeiro sem rumo...
É uma criança que brinca...
E nós somos seus brinquedos
A vida passa errante...
E estamos perdidos em meio as tempestades do amor.


                                                                   Alice e Hamlet

Poesia sem nome



E as coisas que a faziam olhar para o céu jamais foram tão pequenas
E ao mesmo tempo tão grandes.
Foi então que ela percebeu que:

Quão pequena é a gota de chuva para nós
mesmo atrapalhando tanto o voo da borboleta.