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domingo, 18 de setembro de 2011

O peso da sabedoria



A seguinte história tem várias versões, cada uma com suas peculiaridades, independente de crença ou religião eu gostaria que todos aprendessem e guardassem algo dela consigo.

Num chão sem horizonte, com um fundo vazio, uma romaria se seguia, centenas de pessoas, cada uma carregando sua cruz, algumas maiores e mais pesadas, outras menores e mais leves. O caminho era longo e vazio, cansativo e silencioso, nublado, massacrante.

Em certo ponto do caminho alguém parou, sua cruz estava muito pesada, então ele pediu permissão a Deus para trocar de cruz, Deus permitiu e a cada trecho percorrido esse alguém trocava de cruz.

Mais adiante outro alguém também parou, sua cruz era muito grande e pesada, difícil de carregar, então esse alguém pediu permissão a Deus para cortar um pedaço de sua cruz, Deus permitiu e esse alguém a cada trecho percorrido cortava um pedaço de sua cruz.

Em certo ponto do caminho a pessoa que estava trocando de cruz encontrou Jesus e disse: "Senhor, por favor, estou trocando de cruz de tempos em tempos, mas cada cruz que pego é mais pesada que a outra, por favor troque de cruz comigo, essa que o Senhor carrega parece ser tão leve."

Então Jesus trocou de cruz com a pessoa, que disse: "Obrigado Senhor, essa cruz é bem mais leve, muito obrigado.". Jesus então olhou a pessoa sorrindo e disse: "Essa é a cruz que você carregava no início da romaria e disse que estava muito pesada.".

Mais adiante viram-se os romeiros diante de um precipício, alguns metros além desse via-se um lindo lugar, com pessoas felizes e despreocupadas. Então Deus disse: "Façam pontes de suas cruzes e deixem-nas, pois para onde ireis não há dor nem sofrimento.". Todos deitaram suas cruzes, fazendo-as de pontes e atravessaram o precipício, menos algumas pessoas que tinham as cruzes curtas demais, pois estas não haviam carregado bagagem suficiente para ter a sabedoria de desfrutar os bons momentos, então Deus disse a estas pessoas: "Voltem, peguem novas cruzes, refaçam a romaria carregando a bagagem necessária e poderão desfrutar dos momentos de alegria que lhes aguardam."

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Amor indeciso

Qual é o momento certo para se dizer que se ama uma pessoa? Quando podemos dizer que gostamos de uma pessoa a ponto de se sacrificar para ver seu bem? O amor aparece e desaparece tão rápido quanto o vento, nos confunde, crava em nosso peito um fervor e em nossa mente uma imagem: a da pessoa amada.

O amor tem várias formas, Amor não se vende, Amor não se compra, Amor não se troca, ele apenas se transforma, de amor de amigo para Amor de alguém um pouco mais... especial, mas quando podemos dizer que amamos alguém com mais fervor? Quando podemos olhar nos olhos de uma "amiga" e dizer que a amamos? "Eu te amo" é uma frase pesada, querendo ou não deixa uma marca no peito de quem a escuta, ela não pode ser jogada ao vento como uma folha.

Então a dúvida nos cerca: quando o amor de amigo se torna Amor com "A" maiúsculo? Não sei, espero descobrir logo, pois amar já é difícil, amar e não querer admitir é pesado.

sábado, 10 de setembro de 2011

Amor, incerteza



Me sinto talvez um pouco sem rumo, talvez porque a vida me fez assim, sim, a vida, não gosto de por em Deus a culpa pelos meus pensamentos. Me sinto incapaz de me defender de mim mesmo, mas enfim, eu nem mesmo quero me defender, quero ser dilacerado pela brisa da noite, quero andar sendo julgado pelo olhar das vitrines, pelo tempo nas pedras das calçadas, pela leitura dos artistas entusiasmados, quero ser culpado de cada vez menos olhar quem me pede esmola, quero ser castigado por ser tão egoísta, quero que me apontem, me estilhacem...

Me sinto talvez culpado, culpado por ser assim, culpado por não mudar, culpado por não tentar mudar, culpado por amar. Ora! Se Romeu amava Rosalina e se apaixonou por Julieta! Poderia eu amar alguém e me apaixonar por outro alguém? Será que sou tão raso a ponto de meu amor estar nos olhos, não no coração? Será que estou eu tentando enganar a mim mesmo? Maldito amor, nele "só existe o que há de pior no homem", nele só há incertezas, nele só há Rosalinas.

Levanta então o poeta ferido, ferido por sua própria seta, que confeccionou para atingir a Outra de sua poesia. Sou o louco, o poeta. Poeta, indigno, sou o cão que tem o amor como sarna, impregnado em minha pele, não posso nem dormir sem que Julieta saia de meus pensamentos e mal conheço Julieta me sinto mal por não ter conquistado Rosalina. Amor, habita o raso de meus olhos e o fundo de meu coração.

Confuso, ingrato, poeta maldito, nem sequer conheço a gramática, nem sequer escrevo sonetos perfeitos, e o maldito amor me faz dizer que sou poeta.

Amor, maldito e ingrato, que nos dá apenas a febre chamada paixão.

sábado, 3 de setembro de 2011

Versos derramados



Queria ser um ator, para mostrar o quanto a amo
Queria ser músico, para tocar para ela as mais belas canções
Queria ser um guerreiro, para buscar para ela todas as riquezas do mundo
Queria ser o céu, para poder estar a altura do encanto de sua beleza
Queria ser uma abelha, para poder beijar seus olhos de mel
Queria ser um jardim, para poder abraçar tão bela flor

Mas sou apenas um poeta, um poeta apaixonado
E o que é um poeta senão um covarde
Que escreve as coisas que não tem coragem de falar?
E o que é um apaixonado senão um tolo
Que dá ouvidos à Paixão e se esquece de si próprio?

Sou sim, um poeta apaixonado
Que deve a ela versos
Derramados no papel
Após rolarem por meu rosto.