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sábado, 10 de setembro de 2011

Amor, incerteza



Me sinto talvez um pouco sem rumo, talvez porque a vida me fez assim, sim, a vida, não gosto de por em Deus a culpa pelos meus pensamentos. Me sinto incapaz de me defender de mim mesmo, mas enfim, eu nem mesmo quero me defender, quero ser dilacerado pela brisa da noite, quero andar sendo julgado pelo olhar das vitrines, pelo tempo nas pedras das calçadas, pela leitura dos artistas entusiasmados, quero ser culpado de cada vez menos olhar quem me pede esmola, quero ser castigado por ser tão egoísta, quero que me apontem, me estilhacem...

Me sinto talvez culpado, culpado por ser assim, culpado por não mudar, culpado por não tentar mudar, culpado por amar. Ora! Se Romeu amava Rosalina e se apaixonou por Julieta! Poderia eu amar alguém e me apaixonar por outro alguém? Será que sou tão raso a ponto de meu amor estar nos olhos, não no coração? Será que estou eu tentando enganar a mim mesmo? Maldito amor, nele "só existe o que há de pior no homem", nele só há incertezas, nele só há Rosalinas.

Levanta então o poeta ferido, ferido por sua própria seta, que confeccionou para atingir a Outra de sua poesia. Sou o louco, o poeta. Poeta, indigno, sou o cão que tem o amor como sarna, impregnado em minha pele, não posso nem dormir sem que Julieta saia de meus pensamentos e mal conheço Julieta me sinto mal por não ter conquistado Rosalina. Amor, habita o raso de meus olhos e o fundo de meu coração.

Confuso, ingrato, poeta maldito, nem sequer conheço a gramática, nem sequer escrevo sonetos perfeitos, e o maldito amor me faz dizer que sou poeta.

Amor, maldito e ingrato, que nos dá apenas a febre chamada paixão.

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