Certa vez, numa tarde chuvosa de vinte e quatro de dezembro, adormeci... Adormeci e sonhei, sonhei um dos sonhos mais valiosos de minha vida. Sonhei com um campo extenso com grama crescendo até o horizonte e desaparecendo no topo de morros a oeste, de onde estava eu via os morros verdes e o céu acinzentado de uma tarde fresca e calma. À esquerda dos morros surgia junto a algumas árvores uma estrada de terra, estrada essa que se estendia até o lugar onde eu aparentemente me encontrava, passava por mim e seguia.
Havia chovido, as gotas caíam das folhas das árvores em volta da casa conforme o vento batia nos galhos, o vento fresco na tarde quente fazia o corpo se sentir tão leve e limpo que eu sentia que podia voar, a grama e a terra molhadas exalavam um cheiro suave e refrescante, que a sensação de bem-estar era cada vez maior.
À minha direita havia uma casa, feita de madeira, muito bem acabada. A casa possuía uma varanda, que dava para a tal estrada e era cercada por árvores, o cheiro de chuva pairava no ar, o céu acinzentado e o vento fresco me davam uma ótima sensação, sentia o cheiro da chuva, da terra molhada, da madeira, das árvores, sentia-me vivo em outro nível, me sentia realmente vivo.
Mas o que mais me chamou a atenção foi ela, uma bela jovem debruçada na varanda da casa, com um vestido leve com cores que alternavam entre branco, preto e vermelho, igualmente distribuídas pelo vestido as cores dançavam na brisa enquanto aqueles olhos castanhos me olhavam. Os cabelos, também castanhos, eram brilhantes e muito bonitos. A jovem tinha um sorriso no rosto, um sorriso terno, encantador, parecia me conhecer muito bem, aquele sorriso me acolhia, me fazia sentir quente, feliz, aquele sorriso fazia eu me sentir... apaixonado.
Havia pendurado na varanda um enfeite daqueles feitos com pedras penduradas por fios finos e quando o vento soprava as pedras batiam umas contra as outras e faziam o som de pequenos sinos batendo... e foi numa dessas batidas, quando o vento soprou mais forte e a bela jovem me olhou nos olhos, que eu acordei.
Acordei sentindo muita coisa, difícil de explicar, acordei sentindo tranquilidade, paixão, saudade, alegria, leveza, amor... Acordei como quem estava num lugar muito bom e volta, eu realmente senti que estava lá, não só em pensamento, mas de corpo e alma.
Depois que acordei olhei para o relógio, ainda não eram nem cinco da tarde, me dirigi até a janela, o céu estava nublado, respirei fundo, cheiro de chão molhado... Quando olhei para fora vi poças d'água, vi o chão úmido, vi as árvores balançando e folhas voando conforme o vento soprava. Senti que de certa forma, por mais que eu não sabia onde estava havia trazido comigo uma parte daquele sonho.
Sei que um dia voltarei àquele bosque e encontrarei novamente aquela jovem, então poderei saber quem é ela e de onde ela me conhece...
Enquanto isso continuo sonhando e escrevendo...
Ainda escrevendo...
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